Ifes une inovação, sustentabilidade e educação nas Montanhas Capixabas
Inovatech fortalece agroindústrias locais e leva empreendedorismo a escolas públicas por meio da tecnologia
O projeto Inovatech, desenvolvido pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus Venda Nova do Imigrante, aposta em duas frentes distintas, mas complementares: a transformação do setor agropecuário regional e a inserção da cultura empreendedora no ambiente escolar. A iniciativa surgiu a partir de uma parceria entre a incubadora Radix e o Incaper, com apoio do Sebrae e financiamento da Fapes.
A primeira vertente do projeto está voltada ao setor agrícola. Com foco na valorização de frutas que seriam descartadas, a proposta busca capacitar produtores rurais para aplicar uma técnica de desidratação que transforma frutas maduras em um produto similar ao couro vegetal. Esse material pode ser usado para criar flores comestíveis e itens decorativos para eventos, como bolos e casamentos. O produto é isento de lactose, glúten e açúcar.
Gilcea Freire Almeida Sunderhus, aluna do curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos, desenvolveu a técnica dentro de seu pequeno negócio e, a partir do projeto, passou a padronizá-la com o apoio de pesquisas e testes. “Cada lâmina de fruta ou vegetal pode oferecer uma nova experiência de sabor, cor e saúde. Quero desenvolver receitas simples, deliciosas e saudáveis, que se tornem escolhas conscientes no dia a dia”, afirma.
Com os recursos garantidos por meio da Fapes e o apoio do deputado federal Paulo Foletto, o projeto adquiriu equipamentos como desidratadores, seladoras e medidores de Brix. Esses instrumentos vão compor kits que serão distribuídos para 20 agroindústrias ou produtores, divididos em duas etapas. Os selecionados passarão por um curso de capacitação com certificação emitida pelo Ifes e assinarão um termo de compromisso com a produção.
"Os desidratados têm sabor surpreendente, são livres de conservantes, tem uma durabilidade elevada, reduzem o desperdício de frutas e vegetais e agregam valor ao que é produzido aqui. Certamente os produtores serão beneficiados, o que é possivel pela parceria entre as instituições", complementa Michelle Nogueira, Técnica em Desenvolvimento Rural do Incaper. Ao lado do servidor Tiago Augusto Monteiro de Oliveira, representam o Incaper neste processo.
O acompanhamento técnico inclui visitas periódicas às propriedades, análise de processos, avaliação dos níveis de Brix e apoio no desenvolvimento de novos produtos. A equipe da incubadora também oferecerá suporte em marketing, construção de marca e estratégias de comercialização.
Jamilly Pecini Nascimento, estudante do quinto período e bolsista na incubadora Radix, destaca o impacto da iniciativa. “Sabia que teria contato com muitos projetos inspiradores, mas nunca imaginei fazer parte de algo tão inovador. O Inovatech superou minhas expectativas e me motivou ainda mais a dar o meu melhor para que tudo se concretize”, relata.
Ações nas escolas municipais
A segunda vertente do Inovatech será aplicada em escolas públicas. Com a colaboração do Sebrae, um edital vai selecionar duas instituições de ensino para participar do projeto, sendo uma em Venda Nova do Imigrante e outra em um município vizinho. As escolas receberão uma impressora 3D e participarão de um curso sobre o seu uso.
A proposta prevê o lançamento de um desafio de inovação voltado a estudantes do oitavo ano. Os alunos deverão criar um produto com aplicação prática e fabricação possível por meio da impressora 3D. A iniciativa envolve desde a concepção da ideia até estratégias de marketing, passando por design, precificação e simulações de gestão. A escola que apresentar o melhor desempenho no desafio poderá manter o equipamento como forma de continuidade do projeto.
Para Zâmora Santos, Coordenadora Geral de Extensão e do Núcleo Incubador do Ifes, campus Venda Nova do Imigrante, a proposta responde a demandas reais da região das Montanhas Capixabas. “Queremos que os alunos vivenciem o empreendedorismo na prática, como se estivessem criando uma mini startup. No campo, buscamos oferecer uma alternativa de renda para produtores, aproveitando frutas que seriam descartadas e transformando esse insumo em algo com alto valor agregado”, explica.
A metodologia de desidratação desenvolvida no projeto é inovadora tanto pelo processo quanto pelo impacto. A fruta é processada com outras como base, formando uma massa que dá origem às lâminas. O resultado é um produto com validade de até um ano e grande potencial de comercialização. A sustentabilidade está no centro da proposta, que une tecnologia, tradição e desenvolvimento local.
O projeto deve atender inicialmente a produtores da região das Montanhas Capixabas, mas há interesse em expandir para outros territórios com características semelhantes. “A região é marcada pela agricultura familiar e pelo turismo. Estamos oferecendo uma ferramenta de transformação econômica e social, alinhada com os valores da inovação e da educação pública de qualidade”, conclui Zâmora.
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