Ifes desenvolve aplicativo para identificar ácaro rajado em plantações de morango
Solução mobile está em fase de testes, mas já conta com o apoio de setores agrícolas e do poder público
Alunos E professores do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) desenvolvem um aplicativo mobile que identifica pragas em plantações de morango. A solução mobile está em fase de testes e deve ser disponibilizada para o público já no ano que vem. A iniciativa é uma parceria conjunta entre o Ifes campus Serra e o campus Alegre. O projeto de extensão já conta com o apoio da Prefeitura de Santa Maria de Jetibá e da Cooperativa Cooperfruit, da região de Garrafão.
O projeto nasceu em 2022 quando o professor do Ifes Serra, Fidelis Castro, doutor em Matemática Aplicada, identificou, através dos estudos do Fortalecimento da Agricultura Capixaba (FortAC) que os prejuízos causados pelo ácaro rajado podem chegar a 20% da produção.
“Para combater essa praga, muitos produtores recorrem ao uso indiscriminado de acaricidas, muitas vezes sem considerar a densidade do dano causado pelo ácaro. Esse cenário não apenas gera gastos desnecessários, mas também prejudica o meio ambiente e compromete a qualidade dos produtos agrícolas”, explica Castro.
Um dos principais focos do projeto é incentivar o uso de métodos de controle biológico como técnica principal de manejo. Essa abordagem, que consiste na inserção de ácaros predadores que se alimentam dos ácaros rajados, não apenas elimina a praga de forma natural, mas também promove a produção de morangos sem resíduo inorgânico, contribuindo para a valorização do produto final.
Este projeto é composto pelos professores Sávio da Silva Berilli, Victor Dias Pirovani e Victorio Albani de Carvalho, além do professor Fidelis Castro e estudantes dos cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Engenharia de Controle e Automação, Técnico em Informática para a Internet, Técnico em Mecânica, Ciências Biológicas e Agronomia.
“Para mim, tem sido uma excelente experiência. Gosto de estudar arquitetura de software, e tem sido um excelente aprendizado ver concretamente a aplicação do conteúdo teórico de diferentes esferas tecnológicas”, conta o Marcos dos Santos, aluno de Sistemas de Informação.
Levantamento de dados em informações
Para garantir a efetividade do aplicativo, os alunos e professores viajam até às regiões de plantio de São João do Garrafão para coleta de dados e realização de entrevistas com produtores locais. Além disso, os professores e alunos se reúnem no laboratório de Entomologia do Ifes de Alegre para analisarem as folhas infestadas pelo ácaro rajado.
A captura de fotos realizada pelos alunos tanto em regiões de plantio como no Ifes de Alegre forma um conjunto de dados que é utilizado para treinar uma rede neural profunda, ou seja, um tipo de modelo matemático que aprende com dados e depois consegue generalizar esse conhecimento adquirido para analisar novos dados.
Os estudantes capturaram mil fotos de folhas infestadas por ácaros rajados e seus ácaros predadores. Depois da captura, eles utilizaram uma ferramenta computacional de anotações para indicar a posição e o tipo de cada ácaro em cada foto. Desse conjunto de mil fotos anotadas, o grupo alimentou o modelo matemático com 900 fotos para treiná-lo e validá-lo, ou seja, para que ele aprendesse a reconhecer os diferentes tipos de ácaros.
Ao término do desenvolvimento do aplicativo, a intenção é que os produtores utilizem a plataforma para monitoramento dos plantios e reportem os resultados a um grupo de especialistas do Ifes, os quais, vão avaliar e acompanhar os resultados obtidos e darão cursos de formação aos produtores. A ideia é que a médio prazo, os produtores tornem-se autônomos na utilização da solução.
“A comunidade de pesquisadores vinculados ao projeto irá a campo explicar qual a finalidade da solução, como utilizá-la de modo adequado conjuntamente com técnicas de manejo específicas, como a escolha do cultivar e a escolha do substrato. Além disso, pretendemos fomentar a realização de controle biológico, diminuir o uso de químicos e melhorar o ambiente como um todo. Para isso serão necessários encontros e oficinas”, conclui o pesquisador.
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