Alunos do Ifes levam Educação Financeira a escolas públicas de Linhares
Projeto desenvolvido por estudantes de Administração inclui encenações, jogos e oficinas para atrair a atenção das crianças.
Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Fecomércio-ES apontam que 33,9% das famílias capixabas estão com as contas atrasadas. O número é alto, mas já foi bem maior. A fim de contribuir para a queda desses números, estudantes de Administração do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus Linhares, resolveram levar o conhecimento acadêmico para outro tipo de sala de aula: a dos alunos 5° ano de escolas públicas do município. E para atrair a atenção destas crianças, os bolsistas usam recursos como encenação, jogos e oficinas lúdicas.
A ideia nasceu dos próprios estudantes de Administração sob a orientação do professor Osmar Pianca, que atua na área de Finanças e Contabilidade. Faz parte do currículo acadêmico do curso desenvolver ações que alcancem a comunidade. “Eles precisam fazer quatro semestre de projeto de extensão. Os alunos mesmo tiveram a ideia e como é minha área de atuação, eles me procuraram para orientá-los”, explica o professor.
A primeira escola selecionada foi a Emefm Marília de Rezende Scarton Coutinho, no bairro Interlagos. Crianças do 5° ano foram escolhidas para aprenderem desde cedo como gerenciar o dinheiro.
“Fazer eles entenderem desde cedo a importância de não gastar compulsivamente, saber controlar o que ganha com o que gasta, impor limites para o cartão de crédito e também pesquisar preços antes de comprar”, detalha Osmar.
A ideia é que esses pequenos aprendizes levem o conhecimento para dentro de casa.
“A resposta dos alunos me impressionava, eles sempre tinham algo a contar em relação aos assuntos abordados. Além da empolgação deles em participar das oficinas assim que chegávamos na sala”, conta a bolsista do projeto, Karollayne Diogo.
A professora Ana Paula Ferreira que fez a intermediação entre o Ifes e a escola Marília conta que esta é uma excelente fase para o aprendizado da Educação Financeira.
“Eles têm uma bagagem com eles. Então o que os alunos ouvem começa a fazer muito mais sentido, considerando o conhecimento que eles já têm”, conta a professora.
Planejamento e resultado
São dois anos desde a concepção do projeto à mensuração do resultado. No primeiro semestre, os alunos levantam as ideias de jogos, encenação e oficinas. No semestre seguinte, eles sistematizam as ideias e preparam as aulas. No terceiro semestre, é quando eles vão executar o projeto junto às escolas.
São três meses de aulas. Nesta primeira edição, eles prepararam uma oficina, uma encenação e um jogo para cada um dos temas. O primeiro tema abordado foi Receitas e Despesas para que as crianças pudessem se familiarizar com o universo da educação financeira. Depois, os alunos estudaram a respeito do cartão de crédito e como ele funciona. Por fim, eles aprenderam a comparar preços com base nos produtos que eles consomem no dia a dia. O projeto deu tão certo que agora eles se prepararam para uma nova edição e a escola que receberá o grupo é a Emef Caic.
“Foi uma experiência enriquecedora, eu gostei muito de ter participado do projeto e por ter escolhido esse tema que é muito importante mas não faz parte da grade das escolas públicas”, avalia Karollayne.
A experiência também foi positiva para as turmas, conta a professora Ana Paula. Ela acredita que esses frutos vão causar muito impacto no futuro não apenas na vida deles, mas na sociedade.
“Imagine o impacto positivo quando se desenvolve o consumo consciente na mais tenra idade? A sociedade, no geral, só tem a ganhar”, completa.
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